segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Lembranças


Lembranças

Conto cada minuto que se passa
Como o último suspiro da vida
Como se houvesse alegrias não vividas
Como se em tudo devesse existir graça

Pois o tempo não perdoa as marcas
As cicatrizes e feridas mantêm-se intensas
E ao final da vida a maior recompensa
É se conformar que o peito se encharca

De alegrias e tristezas infinitas
Viajo no tempo e me sinto criança
Lembro de estrofes que me foram ditas

O tempo não para e a vida avança
Mas meu peito tem fôlego e ainda grita
E a vida termina feita de lembranças


Ego


Ego

Já é manhã e ouço gritos pela rua
A realidade é só mais uma certeza
Certeza que a vida é muito estranha
Um dia se está bem e no outro é só tristeza

Aquela flor que você cultivou
Não ramifica uma nova geração
As pétalas se soltam com gritos de dor
Não conseguem mais manter os pés no chão

É tão triste ver no que o mundo se tornou
Vivemos às custas como parasitas
O goleiro não mais defende o gol
Defende apenas o que acredita

Espelhos ao redor, só refletem o egoísmo
Nada é tão perfeito quanto à imagem do próprio ser
Empurramo-nos todos para o abismo
E descobrimos que não temos nada perder

Retrato


Retrato

Ah, se não fosse o seu sorriso
Não saberia o chão em que piso
Ou escutaria tantas notas musicais

Não sei quando pouco é demais
Nem medir o bem que me faz
Sentir seu cheiro sem aviso

Dentro de mim corre o mundo
Desgosto por um mísero segundo
E então olho o seu retrato

Não entendo o sentimento abstrato
O qual basta eu te ver e já acato
Pra mergulhar em desejo profundo
 
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