segunda-feira, 14 de março de 2011

Gramático


Gramático

Sou antes de tudo, interrogação
Porque exclamo porquês
Sem a mínima dúvida, pontuação
Sou ponto final sempre ao fim do mês

Com as vírgulas respiro o canto
E acentuo as notas há muito esquecidas
De palavra em palavra, sou página em branco
Uma alma vivida e nunca lida

Ora posso ser reticências...
"Ou pensantivo assim feito aspas"
Basta um único traço e sou essência

Acrescento um pingo e sou um basta!
Sigo em rimas fora de cadência
E assim a música torna-se vasta

Fração


Fração

Uma parte de mim vaga
Pelo simples ato de vagar
Devagar assim eu sigo
E não consigo chegar

Outra parte de mim corre
Por medo ou desespero do fim
Será que não sabe, a cada vez que morre,
Morre também um pedaço de mim?

Cada vez mais constante
Um pedaço de mim vai embora
Enquanto o vazio no peito chora
Sigo sorrindo pela estrada, errante...

O beija-flor deixou a rosa
O espinho se fere à deriva
O suor e o sangue em carne viva
Deixa a lágrima mais saudosa

E a lágrima da saudade corta
Como faca cega em noite de inverno
Com sangue da alma, escrevo no caderno
O que restou da minha ideia morta

Se eu ajunto cada fragmento
Talvez descubra mais um pouco de mim
Não possuo começo, meio ou fim
Mas tenho infinitos belos momentos

E todos se resumem a você no meu pensamento

terça-feira, 1 de março de 2011

Manual


Manual

Às vezes me sinto como a chuva
Feliz para alguns, triste para outros
E de gota em gota preencho o papel
Não porque algo bom sairá
Mas sim simplesmente sairá algo
Que está além da minha compreensão
E assim vou regando as plantas
Talvez uma semente vire uma bela árvore
Mas o trabalho não para
Às vezes sou aquela chuva
Que deixa o ser humano mais próximo
Pois todos querem cobertura
Pelo menos aqueles que não vivem a vida
Da maneira que todos devíamos
E assim encerra o pensamento
Vai embora no primeiro raio de sol
Ou no último vento...

Humanidade


Humanidade

Estive sentado na praça olhando os pombos
"Coitados! Vivem procurando alimento
Às vezes encontram e fazem festa
Mas aí chega alguém e os dispersa;
Os pombos voam e não sabem aonde ir..."
 
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