Abismos
Oco, oco, não sinto nada
Bata à minha porta e estarei assim
Estático como o horizonte
Onde as horas se prolongam
Muda-se o cenário
Mudam-se as cores
E continua lá
Não produzi nada
Desse oco eco que bate meu coração
A adrenalina bombeia e eu sem reação
Não sei por que partes me perdi
Ainda não me encontrei
E continuo procurando meus cacos
Há uma voz soprano na minha trilha
Taças tilintam, se brindam, se quebram
Sempre fui insuficiente ao meu ego
"Há alguém na luz?"
"Alguém com força o bastante para me guiar?"
Pois parte do meu conteúdo foi derramado
Se eu fosse vinho melhoraria com o tempo
Mas sigo a contra-mão por ser minha sina
Não seu que futuro me aguarda
Mas aguardo e ajo por um futuro
E até lá continuarei assim
Oco, oco, não sinto nada...